sexta-feira, 4 de maio de 2007

Rotinas e Surpresas


Acordei um tanto torto, como tem sido nas ultimas semanas. Mas hoje, de uma maneira ou de outra, eu sabia que teria que ser diferente.
Sabia que teria que tomar as rédeas novamente. Se tivesse que explicar como foram os últimos dias, seria como acontece em um filme de aventura, onde o personagem se vê diante de um perigo qualquer, e por um breve instante, se vê sem ação, perplexo diante da situação de perigo. Quando o correto seria pensar em uma resposta rápida, mas na prática, este instante de perplexidade parece ser inevitável.
Foi o que aconteceu comigo ... com a diferença que este instante X durou algumas semanas. Fiquei a deriva, como um garoto tomando "caixotes" na praia, apanhando as sucessivas ondas e lutando para se manter de pé, e assim, sair daquela situação.
Se escrevo agora, é porque consegui me por de pé, o que não significa que consegui vencer o dragão, ou encontrar o túnel de saída, ou ainda, escapar de um prédio em chamas, nem ao menos conseguir pegar uma onda tranqüilamente para a segurança da areia da praia.
Não, estou de pé, sim, mas ainda no meio da correnteza, e esperando a próxima onda.
Já é noite, e percebo que consegui de certa forma, voltar a minha rotina. Rotina é uma palavra que traduz tudo o que eu considerava negativo em termos de expectativa para uma vida. Hoje, a rotina é como um porto seguro. Com ela eu me salvo. Consigo planejar, pensar, meditar, refletir, agir, esperar, tudo isto no conforto da minha rotina planejada e escolhida a dedo.
O problema é que qualquer nota destoante faz esta melodia frágil e instável. Tenho que aprender a contornar esta situação, e fazer um melhor uso destas notas destoantes.
Depois de uma seqüência de notas destoantes, volto pra casa com uma sensação de alívio, por ter novamente, meus dias e horas cuidadosamente previsíveis mas nem por isto, deixam de ser preciosos.
Estava agora mesmo olhando a cidade, ouvindo seus sons, e de uma forma ainda não totalmente digerida por mim, sentindo-me confortável.
O tipo de conforto que, eu acho, posso chamar de lar.

3 comentários:

Unknown disse...

No Imagem-Tempo, Deleuze fala de um novo tipo de herói que surge no pós-guerra, mas propriamente no neo-realismo italiano, que não consegue mais agir no mundo, apenas o observa como se tivesse uma visão. Ocorre o que ele chama de uma quebra no aparelho sensório-motor. Não mais percepção, afecção, ação. Esta última não vem mais. Há uma paralisia. Para ele, uma superação dos filmes realistas americanos. Para mim, um quase pânico. Adorei seu texto. Também luto por um pouco de rotina. Olha que ironia.

Capitu Gastaldi disse...

Bem vindo ao universo dos blogs novamente!
Este texto é psicológico, mostra a imensidão de pensamentos e sentimentos que passaram pela sua cabeça nos últimos dias e na hora de escrever. Dizem que quem consegue escrever nesse estilo é porque capta o lirismo da vida.
Espero que esteja tudo bem na sua rotina e, principalmente, no seu lar, para o qual eu torço tanto.
Beijos

Pedro Prasil disse...

Oi Sergio,
Cara, vc n tem nocão do quanto eu fiquei feliz em te ver aqui.
Não reconheci vc a principio, li frank mas não liguei ao teu nome...mas na medida que lia o teu comentário, fui reconhecendo vc...
Será isto legal ou não? rsss!
Que bom que gostou, sinto-me privilegiado.
Abçs amigo
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Patty, olá.
Então, voltei e to de volta, como bem poderia dizer. Não sei se já captei o lirismo da vida, mas de qualquer forma, me senti importante com teu comentário, rs!
Bjs grandes e valeu pela força que vc sempre nos dá.
Até