sábado, 5 de maio de 2007

Variações constantes

Perdi a conta dos eventos que se passaram nestes últimos anos.
Verdade é que, se por um lado, eles conseguiram (sim, na minha história existe um "eles") bombardear minha vida emocional e profissional, por outro, me deram a oportunidade de viver experiências que eu jamais sonharia em passar.
Estes anos de tratamento médico me deram a oportunidade de experimentar, e como o recomeço era uma meta, tive a chance única de reavaliar tudo em minha vida. E assim o fiz.
Virei a vida de ponta a cabeça...tantas vezes, que por muitas, fora ela que me virou.
Levei ao máximo a experimentação, a libertação, a consciência.
Analisei o mesmo fato por diversos ângulos. Tive a sorte de ter esta oportunidade. Dei giros de 360° em diferentes questões, e de tanto girar, acabar por vezes tonto.
Poucas pessoas conhecem um tanto da minha história, e provavelmente, ninguém a conheça por inteiro.
Alguns sabem mais do que outros, mas penso...infelizmente, ninguém conhece tudo. Gostaria de ter a oportunidade de passar mais tempo com os amigos, e assim, poder compartilhar um pouco da história das nossas vidas.
Gosto de ver meus amigos de dez anos atrás, às vezes mais...como a vida nos moldou hein? Como mudamos e como nos mantivemos constantes...!!!
Roupas novas para os mesmos pensamentos. Mas nem sempre...há casos de mudança total. Uma espiral de acontecimentos que nos trazem até o dia de hoje.
Sim, este período da minha vida me concedeu até o privilégio de meditar sobre a mesma...Poder refletir nos dias de hoje, de geração instantânea, é algo que eu devo me orgulhar.
Estava pensando sobre isto...Acompanhando a situação recente no Rio de Janeiro, e pensando em como um individuo pode influenciar seu coletivo, e na seqüência, uma reação deste mesmo coletivo, e na mesma seqüência, forçando novamente o individuo a tomar decisões...em um processo contínuo, onde a cada repetição deste padrão a gama de possibilidades e variantes é mais estreita que a sua antecessora.
A cada volta, os ponteiros se fecham mais, como se tudo fosse previsível. Como se não houvesse outra possibilidade de estarmos como estamos hoje.
Tudo compete para que o momento de agora exista, e talvez, não houvesse a possibilidade de ser diferente.
Seria algo como uma ‘fatalidade’, mesmo esta palavra sendo um tanto mal utilizada.
Um evento gerando outro, e este último, gerando um terceiro, que tem menos possibilidade de fugir ao padrão que o seu antecessor.
Considerações a parte, quando penso que foi preciso uma injustiça, para que eu tivesse a oportunidade de ser feliz, chego realmente a gostar desta idéia de fatalidade.
A questão é: “Se eu não tivesse sido prejudicado por uma gerente que não gostava de mim, e com isto, não tivesse sido forçado a tirar uma licença médica, e tido a oportunidade de em uma bela tarde, sentar-me diante do computador, e assim conhecer minha futura esposa, se não tivesse acontecido tudo isto, haveria uma outra possibilidade? Ou esta oportunidade teria se ruído de forma definitiva? Se não tivesse sido excluído por um chefe mal-intencionado, hoje eu estaria casado?
Se for este o caso, preciso ir correndo agradecer a quem um dia me fez mal, porque apesar de todas as dificuldades, sinto-me feliz com o que tenho.
Acho que é isto mesmo...

Um comentário:

Anônimo disse...

Li "Dei giros de 360° em diferentes questões, e de tanto girar, acabar por vezes tonto." e pensei em substituir o tonto por torto, como Drummond. Você pode mudar, mudar, girar e voltar no mesmo, pode sair ileso ou pode sair torto, o que significa que algo foi acrescentado à sua vida, que vc amadureceu, que novidades foram construídas. Se ruins, servem para correr mais atrás. Se boas, servem já de recompensa.

Não sei se acredito em destino ou em acaso, não sei como os atos dos outros nos influenciam, mas que, de fato, as maldades que nos fazem podem ser produtivas, podem, para azar dos que nos quiseram mal. hehehe