sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

retrospectiva II



Como eu ia dizendo, achei este ano fabuloso, a despeito de todo este final dramático. E aprendi coisas valiosas neste ano que se passou. Tenho certeza de que hoje sou um homem mais paciente, mais forte, mais esperançoso. Aprendi novamente o que é FÉ, aprendi a respeitar meus limites e a vencê-los também.
As dificuldades em se adaptar ao modo de trabalho japonês, a dificuldade com o idioma, de entender o que dizem e de conseguir se expressar, isso sem falar dos kanjis, esses indecifráveis, porque quanto mais você os estuda, mais percebe que é incapaz de entender. O trabalho é pesado, cansativo, desgastante muitas vezes, e a solução é ser forte e persistir.  Aprender a suportar. Ter paciência... saber esperar e crer que 'isto vai acabar logo logo'.
Mas ainda assim gosto de estar aqui no Japão. Muito embora tenha compreendido um pouco mais o modo de vida japonês. Definitivamente não é pra mim. Sou brasileiro demais pra isso.
Aqui não tem Natal, muito menos ano novo. Renata definiu muito bem o que é o Natal no Japão, e o Ano Novo não é diferente. Não fossem alguns brasileiros de uma cidade próxima daqui, sequer teríamos visto fogos de artifício.  Nada daquele movimento todo que vemos no Brasil, gente pra lá e pra cá, churrasco, festa. Aquele clima gostoso de reveillon. Nada disso por aqui. Deu meia noite e era só...silêncio. Fizemos nossa festa aqui na casa dos sogros, com ceia e tudo. Os estrangeiros comemoram, mesmo que timidamente. E não é dizer que os japoneses não comemoram esta data específica. Todas as festividades japonesas, como o hanabi, são bem quietinhas e comportadas. Nada como a baderna que nós brasileiros conseguimos fazer. O que mais encanta os estrangeiros no nosso país, que é o calor humano, a forma como conseguimos festejar e nos divertir, é justamente o que mais nos deixa desanimado no exterior.
Eu sempre penso...esse povo não sabe se divertir, e mesmo sabendo que as diferenças culturais devem ser consideradas, mantenho a posição. Eles não conseguem relaxar, não sabem se divertir.
Muitos amigos estão partindo do Japão e retornando pro Brasil por conta da crise. Ouvimos sempre relatos de gente que está indo embora, ou de vez, ou pra esperar na nossa terra que a crise passe por aqui. Já se sabe que levaremos até 2010 para a economia se reestabelecer. Daí tem que haver paciência e determinação para enfrentar todas as mudanças que virão.
Já se ouve relatos de roubo envolvendo japoneses, algumas lojas já colocam seguranças, já se anda meio atento na rua. Coisa que não existia, hoje existe. Um certo temor por uma onda de violência. Entendam, violência aqui não deve ser comparada com a que vemos nas cidades brasileiras. As empreiteiras, que são empresas que contratam mão-de-obra para as fábricas e serviços, estão aproveitando a situação e diminuindo e muito o salário dos trabalhadores. Muitos relatos temos de gente que é demitida das fábricas, e as empreiteiras pedem que deixem os apartamentos onde moravam. Isso porque é prática comum por aqui os trabalhadores morarem em apartamentos das empreiteiras, e quando deixam de trabalhar pra elas, mesmo que seja por conta da crise econômica, passam a não dar mais lucros pra estas empreiteiras, e assim, elas mandam que o trabalhador deixe o apartamento em que vivem. Onde vão morar? Isso não interessa pra elas. Por isto tanta gente morando em carros e viadutos.
O governo não faz nada para acudir os estrangeiros. Pra falar a verdade, faz muito pouco pra acudir os próprios japoneses, que dirá os estrangeiros. E quando ficamos sabendo de algumas medidas louváveis, percebemos que o serviço é em japonês. Tem que saber ler e escrever, tem que ser fluente em japonês para ter acesso a tudo isto que o governo oferece, que já não é muito.
Você sabe quantos brasileiros eu conheço que são fluentes em japonês? poucos, muito poucos.
Este é um dos motivos pelo qual estou pra voltar para o Ocidente. Em qualquer lugar da Europa, Austrália ou América do Norte, a gente consegue se comunicar e ter acesso à sociedade como um todo. Aqui não é assim. O governo não liga pros estrangeiros...as empresas também não se importam...as empreiteiras muito menos.

Da nossa parte, sinto também que é hora de deixar o Japão e partir para outras terras...não o Brasil, ainda não é hora. Por conta disto vou tentar aprender tudo o que posso do Japão (continuo a afirmar que a cultura japonesa tem muito a ensinar para o mundo, embora os japoneses tenham muito o que aprender com os outros) e levar esta vivência e aprendizagem comigo para outras terras.
Vou ficando por aqui. O ano está começando e me sinto feliz.
Saudades de Mama e Cacau.
Bj pra todos os meus.

4 comentários:

Anônimo disse...

ficou muito bonito o visual novo do blog. parabéns pelas mudanças e pelo ânimo pra este novo ano!
saudades de todos vcs.
beijos

Anônimo disse...

ah, sonhei com Yan faz uns 2 dias. ele tava todo sapeca, serelepe. a gente brincava de avião, era a maior farra. muito legal! deu uma saudaaaaade...

vcs falam da tia Patty pra ele? olha lá, hein! ele tem que me guardar bem na memória. hehehehe

beijo

Anônimo disse...

Eh... realmente as coisas andam difíceis por aí, infelizmente nós daqui não temos oque fazer, ajudar, porém, quero desejar de coração que tudo dê certo à vocês!
Força e fé para que fiquem bem, é o mínimo que posso desejar.
Yan está cada dia mais lindinho!!! Muito fofo! Quero deixar um beijão para Flávia e para ele!
Estarei orando por vocês!!!
Boa sorte!
Beijos

Anônimo disse...

Olá!!!
Realmente o visual do site ficou muito bonito! Adorei =)
Força para vocês!!!
Tudo de bom!
Beijos